Em resposta a um comentário que nos perguntava sobre curas para a cegueira, decidimos criar um artigo sobre alguns desenvolvimentos a esse respeito. Este resulta de algumas pesquisas que fizemos sobre desenvolvimentos a nível tecnológico e médico, porém nós apenas podemos informar e aconselhamos vivamente a consulta de um médico especializado, pois saberá melhor que ninguém o tratamento que se deve efectuar e se o mesmo é possível.
A utilização de cada procedimento depende, de múltiplas razões, como a causa que originou a cegueira e é possível que ainda sejam necessários alguns anos de aperfeiçoamento até que a sua utilização se generalize.
Assim, eis alguns exemplos de terapias que encontramos:
Lente de contacto cura a cegueira
As células-tronco são a grande esperança da medicina - sua capacidade de regenerar qualquer tecido do corpo promete curas incríveis. E elas acabam de operar seu primeiro milagre: fazer os cegos voltar a ver. Cientistas australianos desenvolveram uma lente de contacto especial, que é revestida de células-tronco e consegue recuperar a visão de pessoas com problemas na córnea (a camada mais externa do olho), renitite pigmentosa, que faz com que as células da córnea morram prematuramente. A doença danifica os fotorreceptores, as células da retina que transformam a luz em sinais eléctricos, que são transmitidos ao cérebro por meio do nervo óptico. Esses danos deixam milhões de pessoas no mundo inteiro com perdas visuais e cegueira.
Alguns dias depois da lente ser colocada, as células-tronco começam a migrar para o olho, onde substituem as células da córnea e fazem a pessoa recuperar a visão.
O procedimento foi testado em 3 pacientes com deficiência visual, que estavam na fila para receber transplantes de córnea. E os resultados foram incríveis. Dois dos pacientes tornaram-se capazes de ler, e o terceiro pôde até voltar a conduzir. Como as células-tronco são retiradas do olho do próprio paciente, não há risco de rejeição - 18 meses após o tratamento, houve qualquer complicação.
Ainda se encontra em fase de teste, mas a sua simplicidade de aplicação traz esperanças para a sua aplicação a muitos hospitais.
Cientistas do Oak Ridge National Laboratories, no Tennessee, Estados Unidos, desenvolveram uma técnica para retirar do espinafre alguns pigmentos que absorvem luz, para em seguida colocá-los nas células nervosas da retina.
As experiências iniciais comprovam que o pigmento fotossensível do espinafre faz com que as células nervosas voltem a reagir na presença de luz.
Esse pode ser um caminho para doenças degenerativas da retina, como a Retinose Pigmentar e a degeneração da mácula (perda de visão no centro do campo), que estão entre as causas mais comuns de cegueira no mundo.
Entretanto, algumas ressalvas devem ser feitas. Ainda que o implante resulte, não é possível saber por quanto tempo irão durar, nem danificam as células nervosas. Além disso, a qualidade da visão também pode ser que não fique boa. Os pacientes podem acabar desenvolvendo uma visão parcial ou daltónica.
Contudo, os pesquisadores consideram que o procedimento fornece uma via mais fácil do que os implantes electrónicos.
Estudos anteriores comprovam que é possível restaurar a visão com o estímulo eléctricos das células nervosas, só não se sabe como fazer isso, se com pigmentos do espinafre ou com aparelhos de última geração.
Mais informações:
Fármaco
Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra identificou mecanismos de morte celular que desenvolvem a retinopatia diabética, doença que é a principal causa de cegueira a nível mundial na população adulta. A descoberta abre caminho ao desenvolvimento de um novo fármaco para impedir os problemas de visão causados pela diabetes, e travar esta doença neurodegenerativa antes de se revelar, revelou à Lusa o coordenador da investigação, Paulo Santos.
"Esta descoberta representa um novo paradigma para esta área da medicina porque, até aqui, era assente que os danos na visão provocados pela diabetes se deviam única e exclusivamente a alterações vasculares no vaso da retina", refere uma nota de imprensa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
A investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, prova que o fenómeno da morte de neurónios e consequentes problemas de visão provocados pela diabetes é muito anterior às alterações nos vasos da retina, acrescenta. "A doença perturba o funcionamento do ATP (a molécula que fornece energia e que funciona como neurotransmissor), o que gera a libertação de uma substância nociva responsável pela morte dos neurónios", explicou Paulo Santos, docente do Departamento de Zoologia da FCTUC.
Ao descobrir e identificar os mecanismos "é agora possível desenvolver uma molécula capaz de bloquear a libertação dessa substância responsável pela morte das células, ou, em caso de libertação, anular a sua acção, sendo possível evitar ou retardar a perda das capacidades visuais dos diabéticos". A metodologia aplicada na investigação, desenvolvida ao longo dos últimos três anos, envolveu testes in vivo (em modelos animais) e in vitro. Os investigadores induziram a diabetes, isolaram a retina e estudaram todo o complexo processo até à morte dos neurónios.
"Esta pode ser uma das vias a utilizar para travar a propagação da doença. É uma porta que se abre", referiu o investigador à agência Lusa, salientando que se trata de uma patologia que é a principal causa de cegueira na população adulta mundial, e muito incapacitante mesmo que não chegue ao nível extremo. Em Portugal há cerca de 500 mil diabéticos, e a maioria deles desenvolvem a retinopatia diabética.
Fonte: Lusa